COMVIDA REALIZOU ATO PÚBLICO NO DIA 22 DE MARÇO EM GUAJARÁ MIRIM\RO

                                    

Nota Pública

COMVIDA REALIZOU ATO PÚBLICO NO DIA 22 DE MARÇO EM GUAJARÁ MIRIM\RO

           

O dia 22 de março amanheceu com sol escondido entre nuvens. Porém, permitiu que as caravanas vindas das aldeias da Terra Indígena Laje, da Reserva Extrativista do Rio Ouro Preto, do Distrito de Araras, do Yata, dos bairros de Guajará Mirim, do Distrito de Nazaré e da cidade de Porto Velho, das margens do rio Madeira, das cidades bolivianas de Riberalta e Guayaramerin chegassem às margens do rio Mamoré, com pessoas vindas de São Paulo e de Minas Gerais, nas proximidades da Colônia dos Pescadores e aos poucos, com suas faixas, com frases anunciando, que “águas são para a Vida e não para Morte” entre outras, fossem ocupando a beira do rio Mamoré, saudando as águas que conduzem Vidas, numa alegria sem tamanha pela oportunidade do encontro e do toque de mãos e até abraços cuidadosos, considerando esse tempo de pandemia.

Embalados pela canção “Rios e Águas em Movimentos”, de composição e cantada por Iremar Ferreira, aos poucos, através do sistema de som, no meio da movimentação nesta área de porto onde pescadores e estivadores retiravam e colocavam nas embarcações produtos que alimentam povos e culturas, chamavam a atenção dos que passavam, partilhando um panfleto informativo da ação, demarcando o território e animando a Mística das Águas: “Rios Vivos e Livres Pelo Bem da Casa Comum”.

O jovem Lucas Mura, membro do Coletivo Mura de Porto Velho- COINMU, que convive no Espaço Nossa Maloca na Resex do Rio Ouro Preto, entoa sua flauta e sintoniza os presentes no escutar das águas que pulsa em nós e ao som da canção “Kaynanã Kaynari”, dançou e mergulhou nas águas do Mamoré alertando, que tudo está interligado: somos filhos das águas, assim como o Povo Mura – Buhuaren (povo das águas) https://www.instagram.com/tv/CbksFl8ASY6/?utm_medium=copy_link .

Em seguida, Márcia Mura, cacica do Coletivo Mura, com uma cuia de água na mão, colhida do rio Mamoré, oferece aos presentes...a recusa é eminente... “cuidado! ela está contaminada” – pelo mercúrio, pelo restos de dragas, de combustível, pelo agrotóxico, pelo desmatamento, pelo lixo, pelos esgotos, pela ganância, pelo etnocídio, pelo genocídio e pelo ecocídio.

A liderança indígena Eva Kanoé, representante regional da COIAB, destacou a luta dos povos indígenas em defesa dos territórios em sua integralidade, para os povos indígenas e toda a sociedade envolvente. Falou das ameaças que vem desde o Congresso Nacional até os projetos hidrelétricos na bacia do rio Madeira.

O jovem Kelvin, do MAB, destacou as ameaças e violações de direitos que o setor elétrico brasileiro tem provocado nos territórios, assim como os novos projetos hidrelétricos e os estudos já concluídos propondo a represa na Cachoeira Ribeirão no rio Madeira e em Cachuela Esperanza, no rio Beni e a necessidade de se fortalecer a aliança em defesa dos nossos rios.

Dona Lídia Anthy, indígena Aymara, coordenadora da Organização Comunitária da Mulher Amazonica- OCMA de Guayaramerin, Bolívia, destacou a importância deste encontro binacional organizado pelo Comitê de Defesa Amazônica da bacia do rio Madeira- COMVIDA, e da necessidade de juntarmos esforço na proteção dos direitos dos rios.

Em seguida escutamos a senhora Elmina Martinez, presidenta da Câmara de Vereadores de Riberalta, que em nome dos demais “consejeros” (vereadores), assumiu o compromisso de fortalecer o COMVIDA em sua região junto aos demais, para promover os direitos dos rios. Foi seguida pela fala da senhora Kira Kawano, da Organização de Mulheres RIMA, de Riberalta, pelo senhor Richard Cordero, presidente da Central Campesina de Guayaramerin, pelo senhor Vincent Vos, voluntário ambientalista e por David Barba – articulador do COMVIDA. Ambos destacaram a importância da articulação conjunta para assegurar a defesa dos direitos das águas e dos rios, a limpeza e os cuidados com as águas.

A vice-prefeita de Guajará Mirim, senhora Mary Granemann, presente no ato, em nome da administração municipal, declarou seu posicionamento contrário ao projeto de hidrelétrica no Ribeirão, recordando os estragos já provocados em 2014 pelas hidrelétricas já construídas no rio Madeira. Sua fala foi seguida pelo vereador indígena, professor Francisco OroWaram e por Ivan, ambos assumindo o compromisso de atuar em sintonia com o COMVIDA.

A presidenta da Colônia dos Pescadores, dona Gerônima, falou da importância das águas para a ação de sua categoria, pois sem águas e rios limpos não tem vida, não tem peixe, não tem alimento da população. Destacou a necessidade de juntar esforços para defender os rios livres de barragens.

Representantes da Central de Movimentos Populares- CMP, Eliel e Denis demarcaram com seus cartazes e dança do hip-hop a resistência urbana e a luta pelo direito à agua potável, pelo saneamento, e evitar a poluição dos rios pela emissão de efluentes.

Membras da Cáritas Brasileira - Paroquial e Regional, presentes, destacaram a importância da água como direito universal para assegurar saúde e dignidade as pessoas, de modo particular aos mais desprovidas de direitos e marginalizadas nas periferias das cidades.

Antes de sair em Caminhada, foi lido a “Declaração Universal dos Direitos da Água” pelos membros do MAB, declaração essa oficializada em 1992 pela Organização das Nações Unidas- ONU. Ao finalizar a leitura, o arte-educador e comunicador do COMVIDA, senhor Hely Chateaubriand e Márcia Mura, sob o canto “dá-me um copo

de água eu tenho sede...”, entoado por Iremar (IMV), carregando bonecos encenaram um diálogo onde os peixes denunciaram as violações de seus direitos por tantas intervenções negativas nos rios...

Antes de sair em caminhada, águas trazidas do rio Madeira, do rio Laje e do rio Ouro Preto foram lançadas por algumas lideranças no rio Mamoré, em sinal de compromisso e aliança na defesa das águas, motivad@s pela canção “Meu Rio”.


Durante a caminhada pelas ruas de Guajará Mirim, Iremar Ferreira fez a leitura do Manifesto das Águas Vivas, um compromisso assumido pelos presentes, declarando o dia 22 de Março, como “Dia Internacional de Defesa da Bacia do Rio Madeira” e denunciou, que a maioria da população de Guajará Mirim depende de uma única fonte de água potável e natural, pois o lençol freático está todo contaminado. As lideranças Arão Orowaram (ex-vereador e da Organização Oro Wari), Kelvin (MAB) e Vera (CIMI) se pronunciaram na caminhada, chamando atenção para a situação de contaminação provocada em nossas águas e rios por garimpos, desmatamentos, agropecuária, agrotóxicos, barragens e hidrovia. https://www.instagram.com/p/Cbkv1hyOpDp/?utm_medium=copy_link .

A caminhada se encerrou na Catedral Nossa Senhora dos Seringueiros, onde foi apresentado e recebido um sistema de geração de energia solar fotovoltaica instalado no Centro Catequético, que segundo o senhor Régis (representando Dom Benedito), informou que esse sistema recebeu apoio do Projeto “Pela Vida Caminhamos Juntos na Bacia do Rio Madeira”, apoiado por Misereor e por outras fontes da Diocese, e cuja energia gerada compensará custos com eletricidade em vários espaços sociais, gerando economia e mobilização social em defesa do rio Madeira. O padre Wiliam presente no ato destacou a importância do uso da energia solar e das outras fontes de energias renováveis, como fontes alternativas e não necessitando da construção de barragens em nossos rios. https://www.instagram.com/p/CbkzRAGONjF/?utm_medium=copy_link .

O senhor Juan Carlos Ojopi de Guayaramerin falou das ações do COMVIDA no lado boliviano, que deverá promover acesso a água e produção de alimentos com baixo custo. Nesta mesma direção, lideranças indígenas da Terra Indígena Laje, que já receberam sistema de bombeamento de água pelo mesmo projeto, falaram da alegria que as comunidades estão sentindo por este benefício com uso de energia solar fotovoltaica, bem como pediram mais sistemas desses para outras comunidades. https://comvidanabaciadoriomadeira.blogspot.com/2022/02/comvida-inicia-2022-em-acao-binacional.html  https://comvidanabaciadoriomadeira.blogspot.com/2022/03/comvida-realiza-instalacao-no-ramal-do.html .

O Ato se encerrou ao lado da Catedral Nossa Senhora dos Seringueiros onde foi recebido o micro Sistema de Geração de Energia elétrica com painéis solares apoiados pelo Projeto Pela Vida Caminhamos Juntos em Defesa da bacia do Rio Madeira, apoiado pela MISEREOR e com o compromisso assumido na fala do Dr. Gil, de conjuntamente, chegar em mais comunidades e organizações sociais para formar consciência em defesa de nossos rios livres de barragens. https://www.instagram.com/tv/CbaVAr8BmF1/?utm_medium=copy_link .


Não a represas na bacia do rio Madeira, Sim à Vida!

Águas para a Vida e não para a Morte!


Sem barragens o rio Corre e Conduz a Vida!



Bacia do rio Madeira, 22 de Março de 2022.




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